Na noite de quinta-feira, 21, aconteceu na Escola da Magistratura de Rondônia (Emeron) a apresentação do documentário “O Silêncio dos Homens”, seguida de debate. O evento, aberto a magistrados e servidores do Tribunal de Justiça do Estado, visou discutir o modelo de masculinidade e os padrões estabelecidos desde a infância.
O intuito do longa-metragem, produzido pelo site Papo de Homem e realizado pela Monstro Filmes, com pesquisa do Instituto PdH e apoio institucional da ONU Mulheres e da Campanha Eles por Elas, é refletir sobre como as masculinidades são construídas nos primeiros anos de vida, reverberando muitas vezes a partir de modelos nocivos que prejudicam não só a autoimagem do homem, mas também as relações que ele cria. O filme traz depoimentos de profissionais ligados à saúde mental e sociologia, além de dados de uma pesquisa do Consórcio de Informações Sociais (CIS) da Universidade de São Paulo (USP) que ouviu mais de 40 mil pessoas, entre homens e mulheres, em questões relacionadas à masculinidade.
Após a exibição do documentário, ocorreu uma roda de conversa entre a mediadora Karin Zerwes Kansog, facilitadora e formadora em Práticas Restaurativas pela Equipe Justiça em Círculo – São Paulo, e os presentes sobre os pontos apresentados no filme e os desafios para a busca de um novo significado à masculinidade. “As teorias e crenças que existem em nossa sociedade sobre ‘o que é ser homem’ resultam em homens que têm dificuldades de falar sobre si mesmos, suas emoções, sentimentos, afetividade e desafios, daí o título do longa”, explica Karin.
Segundo ela, esse ‘silêncio dos homens’ têm como consequências: mortes violentas (suicídios e homicídios), diminuição da expectativa de vida por doenças que poderiam ser tratadas, abuso de álcool, disfunções sexuais, distúrbios emocionais, violência doméstica e 95% da população carcerária do sexo masculino, etc. O estudo apresentado no filme revela que, em cada dez homens, sete afirmam terem sido ensinados na infância e na adolescência a não demonstrar fragilidade. A cada dez, sete lidam com um distúrbio emocional em algum nível, como depressão, vício em pornografia, álcool, entre outros. Assim, a produção demonstra quais os impactos que a educação pautada em desigualdade de gênero exerce sobre a identidade dos homens, e como essas consequências contribuem para a permanência da cultura de violência que afeta homens e mulheres.
O público presente à exibição foi dividido em dois grupos, um formado apenas por homens e outro por mulheres. Cada grupo conversou sobre o que assistiu e questões correlatas propostas por Karin, organizando o diálogo para que todos pudessem falar a partir de seus pontos de vista e vivências individuais. Ao final, os grupos foram unidos para destacar visões em comum e divergentes. A partir dos pontos tratados no documentário, a mediadora também pontuou maneiras como a masculinidade pode ser exercida no dia a dia e sinalizou os movimentos de transformação dos homens que já estão ocorrendo no Brasil em vários ambientes e situações, como no campo, na paternidade, na periferia, na negritude, no universo dos homens gays, bissexuais e transgêneros, nas religiões e nos projetos de atenção ao homem autor de violência doméstica. “Ainda há trabalho a ser feito, os homens precisam conversar entre si”, conclui Karin.
O filme está disponível na íntegra no YouTube:
Fonte: Assessoria de Comunicação - Emeron
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